segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Comunidade Quilombola Serra da Guia/SE


O município de Poço Redondo, localizado no sertão – semi-árido, a 187 km da Capital, Aracaju, com extensão territorial de 1.119 km² e 29.699 habitantes subdivididos na zona urbana e rural é um dos municípios de Sergipe no qual residem 68 famílias remanescentes de quilombos, situados na comunidade quilombola “Serra da Guia”. Tal comunidade foi reconhecida no dia 19 de Agosto de 2004 pela Fundação Cultural Palmares e é composta de casas pequenas de tijolo cru e taipa, totalmente desprovida de boas condições de vida, pois não existe sistema de saneamento nem pavimentação nas ruas.

Encravada no semi–árido sergipano, a Serra da Guia é uma elevação que se avista a partir da estrada SE-2006, no trecho que corta Poço Redondo, o penúltimo município seguido para o extremo norte de Sergipe, em Canindé do São Francisco, consultar em Mapa 1.

A comunidade quilombola Serra da Guia é referenciada como antigo quilombo, existência de seus antepassados nas terras que hoje ocupam. A agricultura de subsistência, o sincretismo religioso, o artesanato, as sabedorias medicinais são alguns traços culturais que constroem o cotidiano dos moradores.

A escassez de dados sobre o local impõe limites a este estudo e pode levantar questionamento quanto há alguns dados e fatores. O diálogo com alguns moradores permite que algumas fontes sobre o lugar possam ser acessadas. A história oral foi uma delas. Através de registro de depoimentos dos habitantes. Informações consideradas oficiais sobre a Serra da Guia são mínimas

A identificação dos moradores no povoado da Serra da Guia está atrelada tanto no vale da Serra, quanto no povoado, por ter sido encontrado grandes vestígios no caminho do topo da serra, como por exemplo, casas de farinhas de porteiras e cercas, fragmentos de telhas e árvores frutíferas plantadas no local. Além de outros elementos que indicam a possibilidade do lugar ser considerado como remanescentes de quilombos. Por outro lado nota-se que o lugar, realmente, é muito favorável à informação de quilombos, por se tratar de um local isolado e de difícil acesso.

Nessa região são encontradas algumas àrvores de grande porte, cactáceas e ervas medicinais, muito utilizadas no cotidiano da Serra.

Entre os meses de março a junho há o preparo do roçado, o plantio dos grãos, depois de dois meses, a depender do bom tempo, a colheita é anunciada, animando os trabalhadores rurais da região.

O que se avista na Guia são casas construídas em taipa ou alvenaria e coberta com telhas, possuem quartos pequenos, sala e cozinha, cerca e árvores, cactos, observam-se também, que o solo é fértil para plantação, fácil de drenar, impermeável, resistentes aos arados.

Nota-se na parte interior das casas da Guia, a presença de bancos de madeiras e potes com água nas salas, mesa e fogão à lenha na cozinha. Há energia na comunidade através de placas solar, assim, também, vê-se eletrodomésticos.

As ferramentas usadas nas atividades agrícolas, são enxadas, enxós, foice, pequenos arado e a mão-de-obra humana dos moradores da comunidade. Alguns animais são criados a soltas, outros em currais, e o meio de transporte mais utilizado, ainda é o carro de boi.

Contudo, observa-se a sobrevivência da cultura tradicional, não modificando a paisagem da sua comunidade Serra da Guia, resistindo aos costumes da atualidade do mundo moderno.

A comunidade Serra da Guia, também é movida pela fé. Na Guia como em outras regiões, é comum, celebrar a morte. As pessoas que são sepultadas no cemitério da Serra são enterradas de acordo com suas vontades em vida.

O primeiro cemitério era localizado no vale e depois é transferido para o alto. Devido às dificuldades em deslocar os mortos para cima da serra, o cemitério volta retorna para o seu lugar de origem. Após a Santa Cruz descer, a serra a região teria ficado sem chuva e assim que houve seu retorno ao lugar de origem, a chuva voltou a cair sob o povoado da Guia, acreditam os moradores da comunidade Serra da Guia.

Anualmente a Serra é cenário de duas grandes festas, a da Santa Cruz, e a da promessa. Ambas são organizadas por Dona Zefa. A festa de Santa Cruz é a mais antiga, conta os moradores, “ter mais de duzentos anos”. Foi criado pelos antigos habitantes que colocaram um cruzeiro em cima de serra e fizeram uma igrejinha. A segunda celebração, a da promessa, é resultado de uma graça alcançada por Dona Zefa da Guia.

As duas festas reúnem milhares de pessoas, envolvidas em pagar promessas, acompanhar procissões, participar de leilões e das danças, além de contribuir com a queima de fogos, a colocação do mastro e a oferta de comidas e bebidas aos participantes.

Hoje a prática de sepultamento não mais existe, no topo de serra, há apenas presença de várias cruzes de madeira ao redor da igrejinha, identificando a quantidade de sepultamento no local.

A Serra da Guia recebeu seu primeiro nome de Nossa Senhora da Conceição e a Divina Santa Cruz, pelo padre que foi batizar a igreja, no alto da serra. Fato este que motivou a fé dos moradores levando-os a festejar, anualmente, no topo da igreja. A festa mistura catolicismo popular e ritos profanos e, de acordo com a atual organizadora, Zefa da Guia, só um padre esteve na celebração a nove anos, quando após assistir os rituais, celebrou uma missa.

Após a nova realizada na casa de Dona Zefa, a procissão segue até o topo da elevação, os fieis lá chegando, rezam e pagam suas promessas, geralmente, levando algo como sacrifício, como forma de pagamento. Ao retornar para a casa de Dona Zefa¹, saldam ao Padre Cícero e a demais Santos de sua devoção. Enquanto a banda de pífano, samba de coco e fogos, soa ao vento. E ao finalizar a louvação, há o hasteamento do mastro, momento muito esperado pelos participantes da festa.

Na Guia além dos festejos religiosos, há uma produção artesanal de artigos confeccionados com a palha do licuri° e a fibra do croà. Não só a população da Guia como também de comunidades vizinhas se dedicam à produção de artefatos utilizando esses materiais. O uso que se faz das palhas do licuri² também está associado aos períodos da ocupação. Quando os primeiros moradores que se tem notícia chegaram usando esse material para cobrir suas casas, fazer as paredes e camas improvisadas. Hoje, possui um uso mais limitado.

Um outro aspecto a ser considerado na Guia, é a existência de uma líder guerreira, movida pela fé, que busca para fins da comunidade, resolver os problemas do dia-a-dia, tanto financeiro, como da saúde. Enfrentando inúmeras dificuldades em prol do seu povo.

A ocupação identificada dos moradores no povoado da Serra da Guia está atrelada à produção artesanal de artigos confeccionados com a palha do licuri e a fibra do croà. Não só a população da Guia como também de comunidades vizinhas se dedicam à produção de artefatos utilizando esses materiais. O uso que se faz das palhas do licuri também está associado aos períodos da ocupação. Quando os primeiros moradores que se tem notícia chegaram usando esse material para cobrir suas casas, fazer as paredes e camas improvisadas. Hoje, possui um uso mais limitado.

Além de ser utilizado na construção das casas, o fruto do licuri, os coquinhos, serve como alimento, natural ou cozido.


( Autora: Sebastião, Juliadna dos Santos. Zefa da Guia: Um vídeo reportagem sobre a parteira quilombola. Monografia (graduação) – Universidade Tiradentes, 2007.)

Um comentário:

  1. gostaria de entra em contato com alguma pessoa responsalvem pelo quilonbo serra da quia, Edson araujo779@gmail.com
    www.canalr5blog.blogspot.com
    79 999966132

    ResponderExcluir